1 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA
O aumento de preços do Distrito Federal foi de +0,46% em dezembro de 2021, a menor variação entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE. A média nacional foi de +0,73%. No acumulado em 12 meses, a alta dos preços da capital recuou em relação ao mês anterior, quando foi de +10,06%, mas ainda encerrou o ano de 2021 em +9,34% – mais do que o dobro da meta inflacionária do Banco Central para o ano, de +3,75%. Já o Brasil apresentou inflação mais elevada no ano, de +10,06%, se aproximando do dobro do limite superior da meta inflacionária (+5,25%).
Gráfico 1 – IPCA – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – dezembro de 2021
Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
A maior contribuição para o resultado acumulado no ano foi dos Transportes, que acresceram 4,94 pontos percentuais (p.p.) ao índice geral, representando 52,3% da variação dos preços da capital em 2021. Dentre os itens analisados nessa categoria de serviços, a Gasolina se configurou como o principal vetor inflacionário, apresentando uma variação positiva de 53,67% no ano, o que acrescentou 3,52 p.p ao índice geral. O comportamento desse item se deve a uma combinação de fatores dentre os quais se destacam a valorização do barril do petróleo, que tem motivado sucessivos reajustes pela Petrobras no preço dos combustíveis nas refinarias, a desvalorização do Real frente ao Dólar, que ajuda a tornar essa correção de valores mais intensa. Outro item que merece uma análise mais detalhada dentro desse grupo é o Automóvel novo, que observou um incremento de preços de 16,03% (+0,65 p.p.) em 2021. Ao longo do ano, a cadeia produtiva desse bem vem enfrentando uma escassez de componentes eletrônicos por causa da pandemia da Covid-19 e, consequentemente, uma redução na produção de automóveis novos. Assim, a diminuição da oferta tem favorecido a inflação do item.
As categorias de Alimentação e bebidas e Habitação aparecem como a segunda e terceira maiores contribuições no ano na capital federal (+1,42 p.p. e +1,19 p.p., respectivamente). No caso da primeira, destaca-se uma elevação de 8,33% nos preços da Alimentação fora do domicílio em 2021 (+0,52 p.p.), superando a retração de produtos específicos como o Arroz (-0,12 p.p.) e a Batata-inglesa (-0,03 p.p.). Já na segunda, o resultado veio, principalmente, do aumento de 23,65% na Energia elétrica residencial (+0,60 p.p.) em 2021, que foi marcado pela instituição de uma nova bandeira tarifária pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), denominada bandeira tarifária de escassez hídrica, a partir de setembro.
Gráfico 2 – IPCA – Variação acumulada no ano (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Distrito Federal – dezembro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Os grupos de Despesas pessoais (+0,54 p.p.), Artigos de residência (+0,39 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (+0,32 p.p.), Vestuário (+0,28 p.p.) e Educação (+0,00 p.p) também tiveram contribuições positivas no ano. Apenas a Comunicação apresentou deflação em 2021, e mesmo de forma pouco intensa, tendo seus preços recuando 0,08% no ano.
Tabela 1 – IPCA – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações acumuladas no ano, por subitem – Distrito Federal – dezembro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
2 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC
A inflação incidente sobre as famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos, mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), registrou uma variação positiva de 0,49% em dezembro de 2021, acima do registrado pelo IPCA (+0,46%) no mês de referência. Entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, o INPC do Distrito Federal foi a terceira menor, ficando abaixo da média nacional para o período (+0,73%). No acumulado em 12 meses, a inflação desse indicador foi de +9,83% na capital federal e de +10,16% para a média nacional.
Gráfico 3 – INPC – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – dezembro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
As contribuições dos grupos para o resultado do INPC em 2021 seguiram o mesmo padrão observado no IPCA, com a exceção do grupo Educação, que passa a apontar contribuição levemente negativa (-0,01 p.p.). Os grupos de Transportes (+4,65 p.p.), Alimentação e bebidas (+1,84 p.p.) e Habitação (+1,72 p.p.) se mantém como os principais vetores inflacionários no ano. Esses dois últimos possuem um peso mais elevado na cesta do INPC do que na do IPCA, explicando parcialmente resultado mais elevado desse primeiro. Em especial, o Gás de botijão, que teve aumento de 30,09% no ano, se destaca como uma importante pressão inflacionária no INPC, contribuindo 0,35 p.p. para o índice geral.
Gráfico 4 – INPC – Variação acumulada no ano (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Brasília – dezembro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 2 – INPC – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações acumuladas no ano, por item – Distrito Federal – dezembro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
3 – IPCA POR FAIXA DE RENDA DO DISTRITO FEDERAL
O impacto da inflação sobre as diferentes faixas de renda das famílias[1] do Distrito Federal calculado pela Codeplan a partir dos dados divulgados pelo IBGE aponta que o quartil de baixa renda, representado pelos 25% mais pobres, enfrentaram uma alta de preços menos intensa, com um incremento de 9,05% em seus preços em 2021. Esse comportamento é explicado pelo fato de essa faixa possui um consumo menor de Gasolina, principal vetor inflacionário no período, dependendo mais de transporte público e outras formas de locomoção. As faixas de renda Média-baixa e Média-alta tiveram as maiores inflações no ano, percebendo incrementos de 10,70% e 10,42%, respectivamente. Já os 25% mais ricos da capital observaram uma inflação um pouco inferior, de 9,94%, na sua cesta de bens e serviços. Esse comportamento é explicado pelo fato de que a Gasolina e os grupos de Alimentação e bebidas e Habitação ocupam um peso menor na cesta de consumo da faixa de renda Alta.
Gráfico 5 – IPCA por faixa de renda – Variação acumulada no ano (%) – Distrito Federal – dezembro de 2021
Fonte: GECON/DIEPS/CODEPLAN com dados do IBGE.
4 – ÍNDICE CEASA DO DISTRITO FEDERAL
O ICDF de dezembro de 2021 registrou variação positiva, 12,55%, em relação ao mês anterior. O Setor de Verduras foi o que mais aumentou, 18,16%, seguido pelo Setor de Frutas, 14,26%, e do Setor de Legumes, 8,13%. Porém, o Setor de Ovos e Grãos variou negativamente (-0,18%).
O período chuvoso e a demanda de fim de ano tiveram grande influência no período. Brócolos, 101,84% e couve-flor, 7,62% foram afetados pelas chuvas. mamão formosa, 82,67%, devido à entressafra e menor plantio em regiões produtoras. A bananas nanica, 49,72%, prata, 38,73% e maçã, 23,12%, foram influenciados pelo clima e custos de produção, já morango, 19,16%, foi altamente demandado no período de redução de oferta. A cebola nacional, 42,92%, afetada pelo frete. Temperatura elevada e a incidência de chuvas seguirão influenciando o mercado e pressionado elevação de preços de folhosas, tomate, batata lisa e cebola. Já morango, mamão formosa e banana tendem a ajustes para baixo, após apreciações recentes.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inflação de novembro de 2021
- IPCA do DF registra inflação de +0,46% em dezembro, menor resultado entre as regiões pesquisadas pelo IBGE. O resultado nacional foi de +0,73%. No acumulado em 2021, apresenta a terceira menor inflação, com +9,34%;
- INPC apresenta variação de +0,49%, sendo a terceira menor variação no mês. No acumulado em 2021, aparece como a sétima menor variação (+9,83%);
- A alta do IPCA no ano veio principalmente dos grupos de Transportes (+4,94 p.p.), resultado de aumento de 53,67% no preço da Gasolina (+3,60 p.p.), e de Alimentação e bebidas (+1,42 p.p.) e Habitação (+1,19 p.p.);
- O índice de difusão no ano foi de 81,8%, com oito dos nove grupos de produtos monitorados pelo IBGE apresentando alta em seus preços em 2021;
- Entre as faixas de renda, a faixa Baixa apresentou uma inflação de 9,05% no ano, a Média-baixa de 10,70%, a Média-alta de 10,42% e a Alta de 9,94%.
Para os próximos meses
- Tarifa Social de Energia Elétrica entra em vigor a partir de janeiro;
- Reajuste de 4,85% na Gasolina e 8,08% no Diesel a partir do dia 12 de janeiro.
[1] A partir de janeiro de 2021, a Codeplan passou a elaborar e divulgar a inflação distrital para cada quartil de renda. Para mais informações, o estudo completo pode ser encontrado em: http://conjunturaeconomica.ipe.df.gov.br/2021/ 02/09/ipca_especial-divulgacao-do-ipca-por-faixa-de-renda-do-df/