Conjuntura: Economia do DF cresce 1,0% no primeiro trimestre de 2021

Introdução

O ano de 2021 começou sob a influência das medidas de isolamento social e das restrições ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais. Além disso, em dezembro de 2020, o pagamento de parcelas do auxílio emergencial foi suspenso, reduzindo o grau de estímulo ao consumo das famílias. Mesmo diante dessas adversidades, o primeiro trimestre de 2021, trouxe indicadores macroeconômicos que evidenciam a continuidade do processo de recuperação da economia brasileira e, principalmente, do Distrito Federal.

É esse o cenário que a décima sexta edição do Boletim de Conjuntura do Distrito Federal analisa e detalha para contextualizar o progresso do Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon/DF), trazendo informações relevantes do mercado distrital para orientar o processo decisório e a formulação de políticas públicas.

Economia do Distrito Federal

A economia do Distrito Federal se manteve estável no 1º trimestre de 2021, variando +0,1% em relação ao mesmo trimestre de 2020, de acordo com os dados do Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal – Idecon-DF. O resultado aponta paridade com o nível de atividade econômica no último trimestre antes do início da pandemia na capital federal.

Gráfico 1 – Nível de atividade econômica: PIB-Brasil e Idecon-DF – Trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior – 1T2014 a 1T2021 – Variação (%)

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O desempenho do Distrito Federal foi puxado pelo crescimento da Indústria, que variou +1,3% no trimestre. Já o setor de Serviços apresentou estabilidade (variação de +0,1%) na mesma base de comparação, enquanto a Agropecuária recuou 1,3%.

Gráfico 2 – Idecon-DF: Variação Trimestral (%) por Segmentos de Atividade Econômica – Distrito Federal – Trimestre em relação ao mesmo trimestre no ano anterior – 1T2021 – Variação (%)

¹ Extrativa mineral e Eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana.
² Informação e Comunicação; Alojamento e alimentação; Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços; Educação e saúde mercantis; e Serviços domésticos; Transporte, armazenagem e correio e Atividades imobiliárias.
Fonte: Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN

Comércio e Serviços no Distrito Federal

O Distrito Federal fechou o primeiro trimestre de 2021 com uma retração acumulada em 12 meses de 6,50% em seu volume de vendas no comércio varejista ampliado. O resultado, que captura o período entre abril de 2020 e março de 2021, ilustra a extensão das dificuldades enfrentadas pelo segmento em meio à pandemia do novo coronavírus, apresentando seu pior resultado para um primeiro trimestre desde 2017. Isso reflete não apenas a redução das vendas pelo fechamento de lojas e estabelecimentos, mas também a perda do poder de compra da população diante do período prolongado de alta taxa de desemprego na região. O percentual, divulgado pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, é menor que a média nacional (-1,1%) para o primeiro trimestre de 2021

Gráfico 3 – Variação acumulada em 12 meses do volume de vendas no Comércio Varejista Ampliado – (%) – Brasil e Distrito Federal – março de 2017 a março de 2021

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O volume de serviços oferecidos na capital do país, em queda desde o início de 2019, teve seus resultados negativos agravados pela pandemia. As restrições impostas ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais e o isolamento social levaram o segmento de serviços a acumular uma queda de -12,3% entre abril de 2020 e março de 2021, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também divulgada pelo IBGE (Gráfico 8). Semelhantemente à PMC, houve uma trajetória de retração do indicador em janeiro e fevereiro, seguidos de uma leve recuperação em março que não foi, porém, suficiente para reverter o resultado do trimestre. Assim, volume de serviços acumulado em 12 meses da capital federal recuou 1,8 p.p. em relação ao observado no final de 2020, quando o indicador havia apontando contração de 10,5%.

Gráfico 4 – Variação acumulada em 12 meses do volume de serviços – (%) – Brasil e Distrito Federal – março de 2017 a março de 2021

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal

O Distrito Federal destacou-se pela criação de vagas de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre de 2021, apesar do aumento da taxa de desemprego local em relação ao trimestre passado. Esse movimento denota indícios de uma redução do grau de informalidade do mercado de trabalho distrital e, consequentemente, uma melhora do nível de proteção social dos trabalhadores da região.

A taxa de desemprego do Distrito Federal ficou em 19,5% no primeiro trimestre de 2021, valor que representa 316 mil pessoas desocupadas na capital e um aumento de 1,5 ponto percentual (p.p.) (25 mil pessoas) em relação ao último trimestre de 2020 (18,0%) (Gráfico 1). No entanto, se a comparação for efetuada com o primeiro trimestre de 2019 (19,4%), período no qual o mercado de trabalho não estava sob a influência negativa da pandemia, verifica-se que há relativa estabilidade para o período com uma alta de apenas 0,1 p.p.. Isso demonstra que a aparente expansão do desemprego distrital carrega um importante fator sazonal, que pode ter sido reforçado pela imposição de nova rodada de restrições de funcionamento dos estabelecimentos comerciais e de um toque de recolher.

Gráfico 5 – PED/DF – Taxa de desocupação e de participação (%) – 1º trimestre de 2017 a 1º trimestre de 2021* – Distrito Federal

Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF). Convênio CODEPLAN-DIEESE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.
*Não houve divulgação da PED entre setembro de 2019 e março de 2020.

Desempenho dos preços no Distrito Federal

A inflação do Distrito Federal, mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 2,69% no primeiro trimestre de 2021. O resultado pode ser atribuído, em parte, ao comportamento dos preços da Gasolina, produto que foi o principal vetor inflacionário do período e que acumula aumento de 28,96% no trimestre. Mesmo descontando esse resultado pontual, porém, a inflação esteve bastante disseminada na cesta de consumo local, de forma que o índice de difusão foi de 61,8% nos primeiros três meses de 2021.

O INPC fechou o trimestre em 2,70%, percentual equivalente ao captado pelo IPCA e o mais elevado dentre as regiões pesquisadas no período analisado. Isso mostra que as famílias de mais baixa renda estão enfrentando uma alta de preços mais intensa que a maior parte da população brasiliense.

Gráfico 6 – INPC e IPCA: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – janeiro de 2016 a março de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Já a análise por quartil de renda aponta que os indivíduos pertencentes às famílias da faixa de renda mais baixa vivenciaram uma inflação menor no período, fruto da composição da inflação no trimestre. Ainda assim, o resultado trimestral de +1,84% é elevado e implica em uma real contração da capacidade de consumo dessa parcela da população.

Gráfico 7 – IPCA por faixa de renda: Variação trimestral do nível de preços – Brasília (DF) – 1º trimestre de 2021 – %

Fonte: GECON/DIEPS/Codeplan com dados do IBGE

Considerações finais

Os desafios apresentados à economia brasileira e distrital no ano de 2020 se fizeram presentes no primeiro trimestre de 2021 com o recrudescimento da pandemia da Covid-19 e a retomada das restrições ao funcionamento de estabelecimentos comerciais e à circulação de pessoas. Mesmo diante desse cenário adverso, os indicadores macroeconômicos analisados mostraram sinais de recuperação melhores que os esperados pelo mercado. De uma forma geral, as perspectivas são de que o avanço do programa de vacinação nacional produza efeitos positivos sobre o nível de produção nacional e local, dinamizando-o e sustentando a recuperação econômica.

Em termos de mercado de trabalho, tudo aponta para uma expansão da taxa de participação seja pela melhora das perspectivas do nível de atividade econômica, seja pelo avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19, que reduz as necessidades de isolamento social. Dessa forma, é factível esperar um incremento da taxa de desemprego se o mercado não conseguir absorver o excedente na mesma velocidade que novos indivíduos iniciem a procura por uma ocupação. Com o aumento da oferta de mão de obra, a remuneração média dos trabalhadores pode contrair-se, mas a massa salarial da região pode incrementar devido ao aumento no número de empregados.

Os obstáculos à uma recuperação mais premente da economia nacional e distrital permanecem perceptíveis, porém estão gradualmente se dissipando. Nesse sentido, a leitura dos indicadores sinaliza uma conjuntura otimista e favorável ao desenvolvimento da capital federal.


¹ A PED/DF teve sua divulgação suspensa entre setembro de 2019 e março de 2020 por motivos técnicos. Nesse período, a análise do mercado de trabalho do Distrito Federal foi substituída pelas informações divulgadas pela PNADCT, ainda que essas pesquisas não sejam comparáveis, com a finalidade de manter o acompanhamento desse indicador. Com o retorno da pesquisa pela Codeplan e pelo Dieese, foi possível reestabelecer a análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego.


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Confira a apresentação dos principais destaques: Apresentação Boletim de Conjuntura do DF 1T2021