Conjuntura: Economia do DF cai menos no 3º trimestre

A economia do Distrito Federal desacelerou no terceiro trimestre de 2020, registrando uma variação negativa de -0,6% em relação ao mesmo trimestre de 2019, de acordo com os dados do Idecon-DF (Gráfico 1). Porém, o percentual é maior que o verificado no segundo trimestre (-3,9%). Para o Brasil, essas variações foram mais intensas e calculadas em -3,9% e 10,9%, respectivamente. A ampliação da quantidade de estabelecimentos em funcionamento, dos horários de atendimento ao público e da circulação de indivíduos, resultou em um maior nível de atividade produtiva e de consumo.

Gráfico 1 – Nível de atividade econômica – Evolução da taxa trimestral do PIB-Brasil e do Idecon-DF – 1T2016 a 3T2020 – Variação (%)

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O melhor desempenho da economia distrital foi influenciado pelo crescimento das atividades agropecuária (2,0%) e industrial (1,3%). No entanto, o setor de Serviços, responsável por 95,3% da produção local, ainda está 0,7% abaixo do nível verificado no terceiro trimestre de 2019, apesar do fato de as Atividades Financeiras terem observado alta de 7,0% na mesma base de comparação (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Nível de atividade econômica – Variação Trimestral (%) por Segmentos de Atividade Econômica – Brasil e Distrito Federal – Trimestre em relação ao mesmo trimestre no ano anterior – 3T2020

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Atividade Econômica do Distrito Federal

O volume de serviços evidenciado pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) apresentou uma variação negativa de 7,5% no acumulado em 12 meses  (Gráfico 3), mostrando que a melhora do indicador verificada nos últimos meses não tem sido suficiente para reverter o efeito negativo da pandemia sobre os serviços prestados na capital federal. A única categoria que sustenta um resultado positivo no ano de 2020 é a de Outros serviços, enquanto as categorias de Serviços prestados às famílias e de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio foram decisivas para o baixo desempenho do setor de serviços na região.

O desempenho do comércio foi similar. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), nos 12 meses findos em setembro de 2020, o Distrito Federal variou negativamente em 4,0%, resultado que só não foi mais intenso dado o crescimento da venda de Móveis e eletrodomésticos e de Materiais de construção.

Gráfico 3 – Variação do volume de serviços (PMS) e do volume do comércio varejista ampliado (PMC) acumulado em 12 meses – Distrito Federal – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal

No terceiro trimestre de 2020, 85 mil pessoas foram incorporadas à massa de ocupados, de acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF)¹. O aumento do número de ocupados tanto nos setores público e privado quanto em empregos autônomos fez com que a taxa de desemprego local passasse de 21,6% no segundo trimestre do ano para 18,4% no terceiro, não obtendo uma redução mais significativa devido ao aumento na taxa de participação (Gráfico 4).

Gráfico 4 – PED: Taxa de desocupação e de participação (%) – 4º trimestre de 2018 a 3º trimestre de 2020 – Distrito Federal

Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF). Convênio CODEPLAN-DIEESE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Desempenho dos preços no Distrito Federal

Os aumentos da inflação para as faixas de renda mais baixas (INPC) foram maiores à taxa incidente para uma parcela mais ampla da população do Distrito Federal (IPCA). Em 12 meses, os percentuais calculados para os dois indicadores foram de 2,91% e de 2,81%, respectivamente. Esse comportamento se deve, principalmente, ao fato de os grupos com maior peso sobre o orçamento das famílias de baixa renda, como é o caso de Alimentos e Bebidas e Habitação, terem sido os que apresentaram a maior inflação ao longo de 2020.

Gráfico 5 – INPC e IPCA: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – janeiro de 2016 a setembro de 2020 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

A inflação dos gêneros alimentícios ocasionou uma elevação significativa da cesta básica do Distrito Federal. Essa situação procupa por atentar contra a segurança alimentar da população local e, consequentemente, demandar a prescrição de políticas públicas voltadas a sua resolução. De acordo com o Gráfico 6, a inflação da cesta básica está em ascensão desde agosto de 2020 no DF.

Gráfico 6 – Cesta Básica: Variação do valor da cesta em relação ao mês anterior – Brasil e Distrito Federal – janeiro de 2018 a outubro de 2020 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Expectativas

A incerteza quanto à trajetória da economia distrital e brasileira foi acirrada com a ressurgência da pandemia. As atividades comerciais e a prestação de serviços, dois dos segmentos mais afetados pelo novo coronavírus, ainda estão em níveis inferiores aos de 2019 e devem ser os que mais demorarão a retornar ao patamar pré-crise. Isso porque a população ainda não recobrou o seu poder de compra.

A taxa de desemprego encontra-se estável, pois com o aumento da ocupação também veio o crescimento da taxa de participação. Em termos de preço, a inflação encontra-se dentro das metas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil, porém vem sofrendo pressão de diversos bens de alimentação e pelo impacto da mudança da bandeira tarifária de energia elétrica para a cor vermelha em dezembro.

Em síntese, os obstáculos desencadeados pelos efeitos nocivos da pandemia seguem impactando os indicadores socioeconômicos e devem continuar a repercutir negativamente sobre o nível de atividade produtiva enquanto a pandemia não se encaminhar para uma solução definitiva.


¹ A PED/DF teve sua divulgação suspensa entre setembro de 2019 e março de 2020 por motivos técnicos. Nesse período, a análise do mercado de trabalho do Distrito Federal foi substituída pelas informações divulgadas pela PNADCT, ainda que essas pesquisas não sejam comparáveis, com a finalidade de manter o acompanhamento desse indicador. Com o retorno da pesquisa pela Codeplan e pelo Dieese, foi possível reestabelecer a análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego.