1 – ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA
Em setembro de 2020, o IPCA de Brasília variou +0,37% em relação a agosto, quando havia registrado +0,58%. Foi a segunda menor variação entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE no período. Já o Brasil apresentou variação mais intensa de +0,64% no mês em relação ao mês anterior.
Gráfico 1 – IPCA – Variação mensal e acumulada no ano (%) – Brasil e Regiões – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
O resultado do período reforça a
trajetória evidenciada desde junho de sinais de recuperação dos preços locais,
após três deflações consecutivas entre março e maio. O resultado do mês, porém,
é fruto de variações pontuais em itens como combustíveis e alimentos
(especialmente o arroz), que foram mais influenciados por preços internacionais
e pela taxa de câmbio elevada do que por pressões da demanda interna. Assim, o
valor do IPCA de setembro não traz necessariamente um panorama de recuperação
do poder de compra da população. O comportamento do índice de preços do mês
será analisado em maior detalhe a seguir.
Gráfico 2 – IPCA – Variação mensal (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Brasília – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
O índice de setembro é resultado da contribuição positiva dos grupos de Alimentação e bebidas e de Transportes, que variaram +1,50% e +1,11% no mês, respectivamente (contribuições de 0,24 p.p. cada).
No caso do primeiro, o valor é explicado principalmente pela alta nos preços do Arroz (+18,91%) e do Óleo de soja (+34,29%), com contribuições de 0,06 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Essa alta pode ser potencialmente explicada pela elevada taxa de câmbio atual, que favorece as exportações de alimentos para o exterior, gerando escassez no mercado interno e contribuindo para uma pressão inflacionária. Já no caso dos Transportes, houve uma inflação nos preços dos Combustíveis (3,35%), em especial da Gasolina (+3,28%), que contribui com 0,21 p.p. no índice geral.Esse comportamento se deve aos preços internacionais do petróleo e da cotação elevada do dólar, assim como à alta de 3,26% no Etanol, importante insumo da Gasolina.
Por outro lado, o grupo Saúde e cuidados pessoais segurou uma
inflação maior no mês, com variação de -0,67% nos seus preços (contribuição de
-0,10 p.p.). Essa deflação no grupo foi provocada pela queda de 2,25% nos
preços do Plano de saúde (-0,13 p.p.)
após decisão da ANS em 21 de agosto de suspender a aplicação de reajustes nos
planos.
Tabela 1 – IPCA – 10 maiores (azul) e menores (laranja) contribuições (p.p.) e suas respectivas variações mensais (%), por item – Brasília – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 2 – IPCA – 10 maiores (azul) e menores (laranja) contribuições (p.p.) e suas respectivas variações mensais (%), por subitem – Brasília – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
2 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC
O INPC – índice que mede a inflação das famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos – registrou alta de 0,59% em setembro. Foi novamente a segunda menor variação mensal observada entre as regiões pesquisadas, acima apenas de Salvador – BA. O valor superior ao do IPCA se deveu ao maior peso na cesta do INPC do grupo de Alimentação e bebidas, em particular do Arroz, que variou positivamente no período, e ao menor peso do subitem Plano de Saúde, que apresentou deflação.
Gráfico 3 – INPC – Variação mensal e acumulada no ano (%) – Brasil e Regiões – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 3 – INPC – 10 maiores e menores contribuições (p.p.) e respectivas variações mensais (%), por item – Brasília – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração:
Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 4 – INPC – 10 maiores e menores contribuições (p.p.) e respectivas variações mensais (%), por subitem – Brasília – Setembro de 2020

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
3 – ÍNDICE CEASA DO DISTRITO FEDERAL
O ICDF de setembro de 2020 registrou variação positiva, 2,27%, em relação ao mês anterior. O o Setor de Legumes avançou 5,71%, o Setor de Frutas 1,11%, e o Setor de Verduras 2,05%. Já o Setor de Ovos e Grãos retraiu (-1,16%).
O calor excessivo e a baixa umidade afetaram a produção de quiabo, chuchu e inhame. A redução da área plantada de tomate e aumento nos preços do produto contribuiu para o resultado do Setor de Legumes. Porém, a batata lisa e a cebola ainda apresentam produção elevada na região e preços mais baixos. Fatores climáticos afetaram ainda a produção de repolho, o que influenciou na elevação dos preços médios do Setor de Verduras.
As temperaturas mais elevadas e baixa umidade também afetaram o Setor de Frutas, devido ao aumento da demanda de laranja, banana, maracujá e limão tahiti, e consequentemente o aumento dos preços médios do setor. A oferta mais intensa e demanda retraída dos ovos resultou em queda nos preços do Setor de Ovos e Grãos.
A previsão de chegada das chuvas nos próximos dias deve afetar a produção de folhagens, batata lisa, cebola e tomate na região, e esses produtos se encontram com viés de alta nos preços. O maior consumo de frutas em períodos de temperaturas mais elevadas tendem a exercer influência nos preços dos produtos do Setor de Frutas.
4 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
Diante dos resultados apurados pelo IBGE para a inflação em Brasília, relativa ao mês de setembro de 2020, alguns pontos merecem destaque:
- IPCA registra inflação de +0,37% em setembro, e o INPC, +0,59%. Em ambos os indicadores, o Distrito Federal apresenta a segunda menor inflação no mês entre as regiões pesquisadas.
- A alta nos preços da Gasolina (+3,28%) foi o principal contribuinte para o resultado do mês, que também contou com a participação de itens alimentícios importantes como o Arroz (+18,91%) e o Óleo de soja (+34,29%). Já a queda nos preços do Plano de saúde (-2,25%), segurou uma inflação maior.
- No acumulado do ano, Brasília apresenta o terceiro menor IPCA, com variação de +0,88%, e o quarto menor INPC, de +1,40%, entre as regiões pesquisadas.
- Em 12 meses, o IPCA de Brasília estimado está em +2,81%, de acordo com o IBGE.
- O IPCA do Brasil registra inflação de +3,14%, entre o centro da meta (+4,00%) e seu limite inferior (+2,50%). A mediana das previsões coletadas pelo Boletim FOCUS, do dia 2 de outubro, é que a inflação nacional encerre o ano em +2,12%, abaixo do limite inferior da meta. No dia 5 de agosto, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para o patamar historicamente baixo de 2,00%.